O dia está cinzento.
A névoa acolhe-me nos braços e aperta-me contra o peito como se eu fosse a única coisa que importava naquela manhã.
Caminho mais uns instantes, enterrando os pés na areia como se estivesse determinada a fazer alguma coisa. Mas não estou.
Fito o sol de um amarelo gelado, a esta hora ele ainda me deixa espiá-lo, e tentar chamar por ele. Os pés fogem para a água e eu sei que não há maior dor que a saudade.
O frio cortante faz arrepiar todo o meu corpo e dá consentimento para que as lágrimas se juntem ao mar. Elas vão, correm, umas atrás das outras sempre ao mesmo passo. A vontade que tenho de correr, de partir cresce. E a dor de saber que não posso dá-lhe a mão e agiganta com ela.
A minha vida, um drama, uma hipérbole… Só quero voltar para lá! Fazer o tempo andar para trás e viver tudo outra vez de maneira diferente. Não pensar duas vezes. Sentir-te e dar oportunidade a nós dois. Tentar ser feliz.
Quero voltar para o teu mundo, para o mundo que eu amo.
Mergulho e sinto a espuma de um sabor diferente mais doce, mais teu… Será que a esta hora lá de onde estas mergulhas assim, vestido e torturado como eu? Será que a manhã também te esgota? Será que também desejas acordar comigo?